Cidade de geografia privilegiada, beijada pelas águas do Atlântico e primeira capital da América Portuguesa, São Salvador da Bahia é peculiar por tudo que dela se conta e se formou. Desde seus primórdios que o traço se fez presente, saído das mãos do arquiteto Luís Dias, que aqui desembarcou para dar o jeito urbano lusitano à cidade-primeira da terra do pau-brasil, horizonte de esperança e bons olhos para os vindos de além-mar.

Desde então a Cidade da Bahia incorporou projetos que a tornaram um sítio arquitetônico permeado por muita história, movimentos que lhe adensaram uma base étnica e cultural das mais ricas e férteis. Essa tradição teria continuidade nos anos seguintes, com outros projetos, outros contextos, na marcha de uma cidade fadada a ter uma identidade singular.

Entre esses nomes está o de Fernando Peixoto. Sua assinatura se eterniza, num jogo de cores e formas que mudaram conceitos e a própria imagem da cidade. Fernando incorpora a própria essência da baianidade, respira e transpira os elementos que compõem a cidade, manipula as cores usando o recurso dos contrastes, gerando com isso percepções de volume e relevo. Puro exercício de criatividade. Criativo e ao mesmo tempo racional, Fernando sonha e  idealiza permanentemente, uma verdadeira usina de idéias que o torna acima dos padrões convencionais. Ele é daquelas personalidades que marcam seu tempo e até mesmo o transcendem. Olhar para Fernando e seus projetos, realizados ou idealizados, é ter a certeza de que a relação do homem com seu ambiente, lidando com os objetos e artefatos que com ele interagem, deve extrapolar o conceito da simples funcionalidade e mergulhar no oceano dos sonhos e da imaginação, tão rico e belo quanto aquele que abraça São Salvador, terra de Fernando Peixoto, terra de todos os ritmos, formas e cores.

Luciano Araújo
Diretor da Dismel



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